terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Príncipe das Trevas no Brasil

Fiquei sabendo pela Revista São Paulo, da Folha, que Lou Reed fará dois shows em São Paulo, no próximo fim-de-semana, com ingressos esgotados na primeira hora de vendas e me pergunto: onde estava eu nessa hora? Como não fiquei sequer sabendo antes?

Bem, Lou Reed não é um cara fácil (não me interessa muito a pessoa Lou Reed, estou falando do compositor/cantor). Quando eu era mais jovem, na verdade, achava o seu som um saco, mas por causa de Frank Miller, o autor da Graphic Novel O Cavaleiro das Trevas, uma  música em especial me pegou. Falo de Walk On The Wild Side, o que parece uma obviedade por ser a música mais famosa de Lou Reed, mas a forma pela qual curti a canção é que foi inusitada para mim. Um dos meus passatempos favoritos em 1987 era gravar fitas cassete de músicas que eu ouvia no rádio - principalmente à noite, sozinho no meu quarto - e uma fita em especial virou a minha trilha sonora imaginária para a HQ que virou um clássico. Lembro-me que a fita tinha Aqualung, do Jethro Tull, Locomotion, do Grand Funk Railroad, Sound & Vision, do David Bowie e Walk On The Wild Side, entre outras. Enquanto eu lia a história daquele superherói humanizado ao extremo, velho, decadente, mas ainda conseguindo achar força para se impor, vagando por uma Gotham City caótica; ouvia Lou e aquilo soava perfeito. Perfeito. Pena que Christopher Nolan não me contratou como consultor musical quando dirigiu o filme.



O mais legal é que sem que eu soubesse o apelido do cantor nova-iorquino (ou seria gothanense?) era Príncipe das Trevas (se bem que a cara dele na capa do clássico Transformer, está mais para o Coringa).
Mais tarde, uma banda chamada Nirvana chamou muito a minha atenção e os sons que influenciaram os três de Seattle começaram a atrair o meu gosto musical. Dentre elas, os Stooges, o MC5 e o Velvet Underground, banda seminal de Lou Reed, precursora do punk rock (o Nirvana chegou a gravar uma cover bem tosca para Here She Comes Now). Assim, gostar dele ficou sendo mais fácil. Me lembro de uma viagem que fiz, na companhia de uma bela moça, para a cidade de Itanhaém no carro de um cara muito gente boa, que tinha um CD do Lou , ao som do qual descemos a serra. Pessoas legais também nos influenciam musicalmente.




Para não falar do filme The Doors, de Oliver Stone, que traz as figuras ameaçadoras do V.U. patronizados por Andy Warhol.

Passei a ler tudo o que caia na minha mão sobre os fins dos anos 60 e a música jovem saída das garagens para chocar os caretas estadounidenses. Vi o filme Velvet Goldmine, que mistura Lou Reed e Iggy Pop (Stooges) numa mesma personagem e tem como protagonista uma figura inspirada em David Bowie. Li o livro Mate-me Por Favor, recheado de entrevistas com o próprio Lou, dividido em capítulos com nomes de músicas, contando o nascimento do punk . Tudo o que eu tinha era a História e a música que aos poucos eu fui adquirindo. Discos como o primeiro dos Stooges (homônimo), o primeiro do MC5  (Kick Out The Jams), o famoso "disco da banana" do V.U. (The Velvet Underground & Nico) foram se somando à minha discoteca, mas eu achava que jamais veria essas bandas ao vivo, porque, de fato, elas não existiam mais.



Acontece que, na esteira de um assim chamado "novo rock" de bandas como Strokes, que, em 2001, recuperaram a sonoridade crua dessas bandas, os tiozinhos devem ter pensado: "epa, peraí, se esses meninos estão fazendo de novo o que nós fizemos há mais de trinta anos atrás, por que nós mesmos não mostramos como era (e de quebra ganhamos uma grana)?" Foi aí que se reuniram e vieram para o Brasil: o MC5 - com o vocalista do Mudhoney, banda-mãe do Nirvana - os Stooges  - com o baixista da banda punk The Minutemen - e eu fui a eles, sem nenhum arrependimento, muito pelo contrário. Bem, então eu já vi o Wayne Kramer (guitar man  e líder do MC5, com quem tive a oportunidade de trocar umas palavras), o Iggy Pop (Stooges) e de quebra o David Bowie - que ficou amiguinho de Iggy e de Lou, produzindo, cantando e até "copiando" trabalhos de ambos - mas ficou faltando o Príncipe das Trevas, Lou Reed.

Então tá, agora o cara vem, fazendo jus ao apelido, envolto na escuridão, já que quase ninguém  ficou sabendo- pois eu estou excluído desse grupo. Fará shows nos dias 20 e 21/11 (que Paul McCartney que nada) para um pequeno público de sortudos no SESC Pinheiros. Privilégio que não terei.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cheguei

Cheguei, mas só eu sei.
Sem muita graça,
A semente jogando.
Esperando pra ver o que vai dar.

Agora é tarde.
Mas ainda é cedo.
Amanhã tem mais.

Temais!
Té mais!!